Estou fazendo no semestre 2017.2 (que insiste em continuar) uma disciplina de Teatro em Língua Portuguesa, ou seja, nós apenas lemos peças, graças a Deus. E como o professor dividiu as obras em ordem cronológica, as primeiras foram muito chatas por serem antigas e terem um português diferente, mas as mais novas foram bem legais e eu quero sugerir que as leiam, caso esteja faltando hábito de leitura na sua vida, de tanto tempo que perdemos em redes sociais.
Ah, caso esteja sem muito tempo, vale lembrar que as peças tem pouco mais que 100 páginas, considerando que o texto são falas, e não parágrafos, então os textos são curtos.
Ah, caso esteja sem muito tempo, vale lembrar que as peças tem pouco mais que 100 páginas, considerando que o texto são falas, e não parágrafos, então os textos são curtos.
Da que eu menos gostei, pra que eu mais gostei. Os links são para baixar o pdf das obras:
A história é até legal: Joana é uma das moradoras de um residencial, e seu marido (Jasão, bem mais novo que ela) a troca pela filha do dono do residencial, o que deixa ela putaça. A partir disso tem a intriga de Joana com Jasão, Joana com o dono do residencial, o residencial com o dono, pois dizem não conseguir mais pagar as taxas... O chato é que é em rimas, mas ao mesmo tempo é algo admirável. O final é surpreendente.
É outra história boa, mas com uma estrutura que me deu nos nervos. Tenta fazer parecer que os personagens falam "naturalmente", com falas cortadas e truncadas, mas isso é meio chato de ler. Fora isso, o enredo é simples e engraçado: Um cara é atropelado, mas o que a cidade toda comenta é que outro rapaz, chamado Arandir, beija o atropelado. Pronto, fica na boca do povo, e todo mundo comenta que sempre soube de Arandir, mas o bichinho tenta se defender dizendo que foi o cara lá que pediu... Enfim, é legal pra ver como isso termina.
Taí uma que eu gostei muito. Um casal chega a cidade Santa Bárbara para pagar a promessa que Zé do Burro havia feito: levar a cruz pra dentro da igreja de Santa Bárbara. Mas eles chegam de madrugada, e ficam esperando a missa das 6. Por fim, aparece o padre e Zé conta a promessa que quer pagar, mas o padre não deixa porque Zé fez promessa a uma divindade da Umbanda que equivale a um santo católico, pra ele, mas o Padre não admite e diz ser um demônio, não santa. E daí vai a confusão de quem fique do lado do padre, e quem fique com o Zé. É engraçada, mas dramática.
Enquanto escrevo esse post, acabei de ler essa peça e ri demais, é muito engraçada. Euricão tem uma porca (não o animal) em que guarda dinheiro da vida toda, e ele é super avarento, e enciumado com a porca mas ninguém sabe que tem dinheiro ali. Tudo começa porque ele acha que um tal de Eudoro vai vir pedir dinheiro emprestado, mas na verdade ele vem pedir a mão da filha de Euricão em casamento. É muito engraçado, vale a pena, e também tem um final legal.
Ah, a minha preferida de todas as peças que eu já li, porque também ri muito! Adorei Dias Gomes. Tem esse padre que os devotos idolatram, ficam esperando por ele na porta da casa, acham que tudo ao redor dele é sagrado, até mesmo os animais. É a partir daí que fica engraçado porque um dos beatos acha que o boi do padre concedeu um milagre a ele, e todo mundo passa a idolatrar o boi, e não mais o padre. Tem também tensão política porque o padre era prefeito e candidato novamente às eleições, e seu médico que também quer ser político teme que o boi de alguma forma atrapalhe esses planos. Vale muito a pena ler!