Eu estava lendo a revistinha da TAG do mês de agosto, e o curador Roddy Doyle falou uma coisa que me deixou pensando.
Ele é de Dublin, assim como o gigante James Joyce. Porém, Roddy Doyle não tem profunda admiração por ele. James Joyce, se você não sabe, é um dos maiores nomes da literatura inglesa/mundial. Doyle disse que não conseguiu passar de três páginas, com muito esforço, de Ulisses (1922), que de fato é uma obra muito complexa, como falei em outro texto, por usar o fluxo de consciência.
E isso me faz pensar: será que não podemos ser considerados leitores de verdade por não apreciar os clássicos? Deixamos de amar literatura porque assumimos, sem medo, que tal clássico é chato? Será que todo mundo acha um clássico chato mas finge que ama?
Falo ainda mais que Roddy Doyle - porque não sou ninguém no mundo da literatura, então não tem como eu ser julgada por isso: eu não passei do primeiro parágrafo de Ulisses. É muito chato. São mais de 600 páginas narrando UM DIA. Isso mesmo. Ou seja, tem uma enrolação enorme. Mas isso não me dá o direito de dizer que o livro é ruim - óbvio que não. É uma obra complexa e tudo mais, mas eu não tenho saco pra ela e tenho total direito e liberdade de dizer que eu não gosto de fluxo de consciência. Isso sim, meus amigos, é opinião, é dizer que você não gosta de algo. Agora sair falando mal de James Joyce e da sua obra, dizendo que é ruim que não presta que não devia ser um clássico, blá blá, isso é burrice.
Então querido, não ler um clássico não te faz menos leitor. Leitor é quem lê. Simples.