Nos aproximadamente últimos dois meses eu estive só. Meu irmão, com quem eu morava, viajou e eu fiquei morando só, sozinha da Silva. Quero compartilhar como foi essa experiência porque eu nunca tinha ficado só tanto tempo — e nem fiquei completamente só, eu vivi na casa dos outros, mas ainda assim quando voltava pra casa, estava só novamente.
Você faz tudo sozinho. Parece óbvio dizer isso, mas preciso dizer. Você arruma a casa só, faz as compras só, e faz a comida só pra você — e tem que lavar a louça também. Se não tiver TV em casa, é só a sua própria voz ecoando na sua mente, dialogando com você mesmo, imaginando várias situações, e perdendo tempo teorizando o que faria em um apocalipse zumbi…
Você está sozinho. Você não precisa se preocupar com as roupas que veste, e nem precisa se assustar quando esquecer de trazer a toalha pro banheiro quando vai tomar banho. Mas também quando o papel higiênico acaba num momento crítico, você mesmo tem que ir pegar — e já que está sozinho, ninguém vai ver essa situação ridícula. Você ri das besteiras que faz, de como você é bem burro às vezes, e como noutras você é um gênio. Você pode até comentar em voz alta: “Nossa, como nunca pensei nisso antes?”. Você pode falar sozinho! Discutir consigo mesmo, e até praticar outro idioma. Tudo o que você compra é só pra você, ninguém pra dividir. Pode comprar o pudim despreocupado porque ninguém vai tirar ele da geladeira e comer.
Morar sozinho tem vantagens e desvantagens como tudo no mundo. Mas realizar essas tarefas sozinhas pode ser encarado de duas maneiras: como solidão ou liberdade. É você que escolhe, dependendo de como você enxerga a vida. Chegar em casa e não ter ninguém é solitário ou libertador?
Texto 107.