Perceba que eu disse o tempo, não o clima. Falo mais especificamente sobre o meu tempo aqui em São Luís, que no segundo semestre de 2017, chegam aos quatro anos. Pode ser muito ou pouco tempo, depende do ponto de vista de quem lê esse texto, mas pra mim, parece muito.
As minhas lembranças de Cururupu, da casa dos meus pais e meu tempo na escola parecem cada vez mais distantes. Parece que tudo o que tenho agora é a universidade - talvez seja. Lembro de quando comecei a conhecer os lugares, a entender os ônibus e os terminais, a primeira ida ao cinema, o primeiro mico com uma escada rolante... Parece que me acostumei a tudo isso, e que minha vida sempre foi assim, mas isso não é verdade mesmo!
Eu estava lendo A Selva, de Ferreira de Castro e apesar de essa tal selva ser a da Amazônia, eu consegui sentir muito bem toda a descrição do narrador. Quando ele falou sobre as árvores, os barulhos da mata e até mesmo o cheiro, tudo eu consegui sentir e me lembrar da minha origem. Não que Cururupu seja um interior no meio do mato, mas os lugares para os quais eu gostava de passear quando criança eram exatamente assim.
O tempo em São Luís, com todo o engarrafamento, violência e correria do dia a dia não me fizeram esquecer o lugar de onde eu vim, muito pelo contrário, me faz sentir saudade da tranquilidade. O que também não significa que eu queira voltar a morar em um interior como Cururupu - não quero, desculpe dizer. Apesar do caos da modernidade, eu me adaptei bem a esse estilo de vida.
É como se a vida na cidade fosse um casamento e a vida no interior um namoro no seu momento mais apaixonado. Depois de casar, sua vida muda - e você gosta da novidade. Nunca vai ser a mesma coisa de um namoro, do qual bate uma saudade de vez em quando e você pode tentar reviver um pouco disso com seu parceiro, mas não há como regredir. Não acho que morar em interior seja necessariamente um regressão no geral, mas pra mim e pro que eu quero pra minha vida, não há como dar essa volta. Amo o interior, mas ele é pequeno demais para os meus sonhos.
Texto 108.
Texto 108.